A endometriose é uma condição inflamatória crônica que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva, caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, o que pode causar dor intensa, infertilidade, alterações intestinais e urinárias. Quando o tratamento cirúrgico é indicado para remoção dos focos da doença, o pós-operatório exige cuidados específicos — e é nesse contexto que a fisioterapia pélvica se torna uma aliada fundamental.
Por que a fisioterapia pélvica é essencial no pós-operatório?
A cirurgia para endometriose, embora muitas vezes necessária, pode causar ou agravar disfunções na musculatura do assoalho pélvico, além de deixar cicatrizes internas e aderências que impactam o funcionamento de órgãos como bexiga, intestino e útero. A fisioterapia pélvica atua exatamente nesses pontos, com foco na reabilitação funcional, no alívio da dor e na melhoria da qualidade de vida.
Benefícios da fisioterapia pélvica após a cirurgia de endometriose:
Redução da dor pélvica crônica
Técnicas como liberação miofascial, terapia manual e exercícios de relaxamento muscular ajudam a aliviar a tensão na musculatura pélvica e reduzir os pontos gatilho de dor.
Melhora da função urinária e intestinal
Muitos casos de endometriose envolvem sintomas como constipação, urgência urinária ou dor ao evacuar. O trabalho fisioterapêutico visa restabelecer o controle e a coordenação dos músculos do assoalho pélvico, melhorando essas funções.
Prevenção e tratamento de aderências
As aderências pós-operatórias podem causar limitações nos movimentos dos órgãos internos e gerar dor. A fisioterapia utiliza mobilizações viscerais e técnicas manuais para melhorar a mobilidade e prevenir a formação dessas aderências.
Reeducação postural e fortalecimento muscular
Muitas pacientes desenvolvem padrões posturais compensatórios para lidar com a dor, o que afeta a coluna, o quadril e a região pélvica. A fisioterapia corrige esses padrões e fortalece a musculatura de suporte.
Apoio emocional e melhora da autoestima
Viver com dor pélvica crônica ou infertilidade pode ser emocionalmente desgastante. A fisioterapia pélvica oferece um espaço de acolhimento e empoderamento, onde a paciente aprende a conhecer e controlar seu corpo.
Quando iniciar a fisioterapia?
Idealmente, o tratamento fisioterapêutico deve começar algumas semanas após a cirurgia, com liberação médica. No entanto, a fisioterapia pode ser iniciada antes mesmo da cirurgia, preparando a musculatura e otimizando os resultados no pós-operatório.
Profissionais especializados fazem a diferença
A fisioterapia pélvica deve ser realizada por fisioterapeutas especialistas em saúde pélvica feminina, com formação adequada para lidar com as complexidades da endometriose. O tratamento é sempre individualizado, levando em conta o histórico da paciente, os sintomas presentes e os objetivos de recuperação.
Conclusão
A cirurgia é apenas uma etapa no tratamento da endometriose. A recuperação plena exige uma abordagem multidisciplinar, e a fisioterapia pélvica desempenha um papel indispensável nesse processo. Mais do que reabilitar fisicamente, ela oferece um caminho para que a mulher retome sua autonomia, sua saúde íntima e sua qualidade de vida.