Quando se fala em performance esportiva, força, resistência e controle muscular são pilares essenciais. No entanto, um grupo muscular muitas vezes negligenciado, mas extremamente importante, é o assoalho pélvico. Para atletas e praticantes de atividade física (homens e mulheres), desenvolver percepção, controle e força nessa região pode trazer benefícios diretos ao rendimento nos treinos e competições, além de prevenir lesões e disfunções.
O que é o assoalho pélvico e por que ele importa no esporte?
O assoalho pélvico é um conjunto de músculos e tecidos que sustentam os órgãos pélvicos, controlam a bexiga e o intestino, e contribuem para a estabilidade da região central do corpo, o core. Durante a prática esportiva (corrida, crossfit, levantamento de peso, lutas, ginástica, etc.), essa musculatura atua como um estabilizador interno, ajudando na transferência de força entre tronco e membros.
Sem um assoalho pélvico funcional, o corpo perde eficiência. Isso pode resultar em perda de força, instabilidade, compensações musculares e até em incontinência urinária de esforço, um problema comum, especialmente entre atletas do sexo feminino.
Para otimizar a prática esportiva, é essencial priorizar o treinamento da musculatura do assoalho pélvico. Nesse sentido, é fundamental focar em:
1. Percepção e Controle: Base para a Performance
Desenvolver a consciência corporal para ativar os músculos do assoalho pélvico de forma precisa é o primeiro passo. O controle voluntário dessa musculatura ajuda o atleta a:
- Ativar o core de forma mais completa;
- Proteger a coluna lombar e pelve durante esforços;
- Evitar escapes urinários durante saltos, corridas ou levantamentos;
- Melhorar a coordenação muscular em movimentos complexos.
2. Fortalecimento: Estabilidade e Potência
Exercícios específicos, quando realizados corretamente e associados a movimentos funcionais (agachamentos, pranchas, exercícios de respiração profunda, etc.), promovem força, resistência e reflexo muscular no assoalho pélvico.
Atletas com o assoalho pélvico fortalecido apresentam:
- Melhor controle do tronco e bacia;
- Aumento da estabilidade em movimentos de alta carga;
- Maior capacidade de gerar e transferir força com segurança;
- Prevenção de lesões musculoesqueléticas por sobrecarga.
3. Alto Rendimento com Menos Riscos
Um assoalho pélvico que não trabalha corretamente pode, além de limitar a performance, expor o atleta a disfunções que afetam sua carreira, como:
- Incontinência urinária durante treinos ou provas;
- Dor pélvica;
- Prolapsos (em casos mais graves);
- Disfunções sexuais (por sobrecarga ou tensão crônica).
Um estudo publicado em 2024, com atletas de musculação, levantamento de peso, powerlifting e bodybuilding demonstrou prevalência de incontinência urinária em aproximadamente 28,9 % das atletas.
Para o atletas e praticantes de atividade física, o assoalho pélvico deve ser encarado como parte do treinamento de core e performance global, a fim de desenvolver não só uma base interna sólida, que sustenta só os órgãos pélvicos, mas todo o sistema de movimento. A integração dessa musculatura à rotina de treinos, com orientação adequada pode ser o diferencial entre um bom desempenho e uma performance de excelência.
Com o cuidado especializado, o atleta desenvolve uma base interna sólida, que sustenta não só os órgãos, mas todo o sistema de movimento.
Treinar o corpo de dentro para fora é o caminho mais seguro e eficiente para evoluir com potência, controle e longevidade no esporte.
Skaug KL, Engh ME, Frawley H, Bø K. Prevalence of pelvic floor dysfunctions in strength sport: a cross-sectional study. Università di Perugia et al. 2024; Abstract ICS #684.