Você costuma ir ao banheiro “só por precaução”, mesmo sem sentir muita vontade?
Esse hábito, aparentemente inofensivo, pode estar contribuindo para o surgimento da bexiga hiperativa, uma condição que afeta milhões de pessoas no mundo e interfere diretamente na qualidade de vida.
🚽 O que é a bexiga hiperativa?
A bexiga hiperativa (BH), também conhecida como Overactive Bladder (OAB), é caracterizada por:
- vontade súbita e forte de urinar (urgência);
- aumento da frequência urinária;
- necessidade de acordar à noite para urinar (noctúria);
- em alguns casos, perda involuntária de urina (incontinência por urgência).
Segundo estudos internacionais recentes, a prevalência global da bexiga hiperativa varia entre 8,8% e 23,2% da população adulta (1). Pesquisas também mostram que, em alguns países, esse número pode chegar a 27,4% — sendo mais comum em mulheres (2). No Brasil, estima-se que entre 7,6% e 25% da população adulta sofra com sintomas compatíveis com OAB (3).
⚠️ O problema das idas desnecessárias ao banheiro
Ir ao banheiro “por via das dúvidas” parece uma boa ideia, especialmente antes de sair de casa ou dormir. Mas esse comportamento ensina a bexiga a esvaziar antes da hora, fazendo com que ela se acostume a armazenar volumes menores de urina. Com o tempo, a bexiga começa a enviar sinais de urgência cada vez mais precocemente, mesmo quando ainda está pouco cheia. Esse ciclo acaba reforçando o comportamento de urinar com frequência, agravando os sintomas de urgência e levando à perda de controle vesical.
👉 Em outras palavras, o “xixi preventivo” pode criar uma bexiga impaciente — e essa impaciência se transforma em bexiga hiperativa.
🧠 O papel do fisioterapeuta pélvico
A boa notícia é que a bexiga hiperativa pode ser controlada e, em muitos casos, revertida com tratamento conservador.
A fisioterapia pélvica tem papel essencial nesse processo, através de:
- Treinamento vesical: técnicas que ajudam o paciente a espaçar os intervalos entre as micções, aumentando gradualmente a capacidade da bexiga (4,5).
- Exercícios de assoalho pélvico: fortalecem os músculos responsáveis pelo controle urinário e auxiliam no controle da urgência (5).
- Educação comportamental: estratégias de controle da urgência, técnicas respiratórias e ajustes de hábitos diários (como reduzir cafeína e bebidas gaseificadas).
- Terapias complementares: como a estimulação elétrica intravaginal combinada ao treino vesical, que tem mostrado bons resultados na redução da urgência e da noctúria (6).
Em alguns casos, o treino vesical isolado pode não ser suficiente, sendo mais eficaz quando associado a outras técnicas fisioterapêuticas (7), por isso a avaliação e individualização do tratamento é essencial.
A bexiga hiperativa é uma condição comum, mas que não deve ser normalizada. Ir ao banheiro com frequência, sentir urgência ou acordar várias vezes à noite para urinar são sinais de alerta que merecem atenção. Evitar o “xixi preventivo” e procurar orientação com um fisioterapeuta pélvico especializado são passos fundamentais para reeducar a bexiga e recuperar a qualidade de vida.
Vamos juntas?
📚 Referências
- Chapple CR, Khullar V, Van Kerrebroeck PE, et al. Overactive bladder prevalence and burden: A systematic review and meta-analysis. Int Urogynecol J. 2024;35(5):1093–1105. Link
- Lim R, et al. Prevalence and impact of overactive bladder in community populations. Low Urin Tract Symptoms. 2023;15(2):e142–e151. Link
- Silva MB, et al. Epidemiology and burden of overactive bladder in Brazil. Adv Ther. 2020;37(8):3583–3595. Link
- Hashim H, et al. Bladder training for urinary incontinence in adults: Cochrane review. Cochrane Database Syst Rev. 2024;(3):CD001308.
- Wang T, et al. Pelvic floor muscle training combined with bladder training improves overactive bladder symptoms. BMC Urology. 2023;23(1):101.
- Gonçalves MC, et al. Bladder training in the improvement of overactive bladder symptoms: a randomized trial. Braz J Phys Ther. 2024;28(2):100–109. Link
- Alves LFR, et al. Isolated bladder training or in combination with electrical stimulation in women with OAB: a comparative study. Braz J Phys Ther. 2024;28(3):120–128. Link